Há uns anos atrás a EXD girou em torno do mote: Como é que fazes o que fazes? Por detrás da aparente simplicidade da formulação, está a necessidade de questionarmos a forma como damos respostas a problemas. Em áreas criativas, não basta a aparente genialidade, o estilo ou a prática. É preciso estarmos atentos a uma multiplicidade de factores que condicionam a forma como fazemos aquilo que fazemos. Esse escrutínio crítico é vital porque, quando não existe, deixa esses mesmos factores à solta. A capacidade para articular um meta-discurso crítico é tão importante como a capacidade formal. Esse meta-discurso funcionará como um radar, como uma forma de afinar o posicionamento e de promover perguntas sobre a validade de uma solução.
Esta crónica, “Simplismo“, do designer gráfico Francisco Laranjo, é um bom exemplo de como é possível construir um meta-discurso crítico sobre a prática do design. A partir de um objecto que na altura levantou imensa polémica, este texto cria linhas de observação que são importantes e enumera um conjunto de pontos que devem ser discutidos. Pessoalmente, destaco a relação entre o estilo (que muitas vezes resulta do diálogo entre a grafia pessoal e as modas num determinado momento) e o local, o site.
Numa época de enorme produção, partilha e circulação de imagens, o estilo e as modas funcionam, normalmente, como forças de homogeneização das representações do real. É por isso que a ligação à identidade, à memória, à história, ao lugar no seu sentido mais lato, se torna importante. Porque contagia essa tendência para a uniformidade com especificidades, com individuação.
Ainda sobre este tema, vale a pena ler os textos do Mário Moura e do Manuel Granja no Ressabiator.
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