O Hugo Maciel é um excelente ilustrador (também docente do IPVC) e tivemos o prazer de realizar uma exposição de trabalhos dele na Objectos Misturados.
Nos últimos tempos, ele tem partilhado alfabetos ilustrados que vai desenvolvendo. Trata-se de uma abordagem que tem uma relação próxima com uma das propostas que os alunos de DTEE realizam e que questiona os limites da legibilidade.
Pedi-lhe um pequeno texto e as imagens para partilhar aqui!
Sempre tive um fascínio por letras que não são apenas letras e sempre gostei de alfabetos ilustrados. Há imensas experiências ao longo da história e julgo que foi de uma pesquisa para um trabalho que ia propor aos meus alunos que surgiu o impulso para fazer algumas experiências. Apareceram muitas ideias e continuam a aparecer outras, até porque enquanto exploro uma direção outras se apresentam. A minha inclinação para os “bonecos”, seja de corpo inteiro ou apenas caras, tem dominado, mas tenho planos para outras experiências. Além disso, há a curiosidade de explorar palavras específicas, um história em particular, variar técnicas, etc.
Além do gosto pessoal pela temática, julgo que é também o desafio de desenhar coisas e ao mesmo tempo manter a legibilidade dos caracteres que me atrai. No caso dos rostos, isto é ainda mais interessante porque gosto de explorar personagens e expressões, mas tudo te que ser feito com subtileza, mantendo os elementos estruturais das letras, a sua anatomia base, construindo uma dupla leitura. Nem sempre resulta bem, umas letras funcionam melhor do que outras, é um compromisso por vezes difícil.
Se nos primeiros a construção foi mais aleatória e sem o constrangimento de retratar alguém em particular, no typefaces III decidi explorar rostos verdadeiros nas iniciais dos seus nomes. A dificuldade neste caso é ainda maior, mas decidi dar mais importância à “parecença”, mantendo os contornos essenciais das letras e os seus traços fundamentais. Neste caso a leitura é ainda mais subtil, mas como se trata de um conjunto, um alfabeto, torna-se mais fácil a identificação. Apesar de ser um desafio interessante, confesso que prefiro desenhar bonecos de forma mais aleatória e ver expressões e cores inesperadas surgirem do esqueleto das letras.
Obrigado Hugo!
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